domingo, 16 de janeiro de 2011

O massacre de Arrifana

A forte resistência popular ao exército francês invasor, foi uma das caratrísticas mais importanes da Guerra Peninsular.
Aliás vários historiadores defendem que foi com esta guerra que a expressão "guerrilla", ou (pequena guerra) adquiriu o significado de resistência popular contra um invasor pelo qual é hoje conhecida.
Muitas vezes estas emboscadas sobre o exército francês motivaram duras vinganças sobre as populações.
Foi o que aconteceu em Arrifana na madrugada de 17 de Abril de 1809.
Tudo começou quando o chefe da guerrilha de Arrifana Bernardo da Cunha faz uma emboscada aos franceses em S. Tiago de Riba Ul, onde morre Lameth, ajudante de campo do General Soult.
A vingança de Soult não se faz esperar.Na madrugada de 17 de Abril de 1809, o exército francês toma de assalto a povoação de Arrifana.Quem resiste ou tenta fugir é morto a tiro ou à coronhada.
Grande parte da população refugia-se no interior da igreja.Os franceses cercam a igreja e obrigam todos os homens a sairem para fora, selecionando um em cada cinco para serem fuzilados.
E por isso ficaram conhecidos por os "quintados".
E porque cinco sobreviveram ao fuzilamento foram levados ao local onde o oficial Lameth morreu e aí deixados de cabeça para baixo, em cinco carvalhos aí existentes.





   Nota: Arrifana é uma povoação que faz parte do nosso distrito - Aveiro.
            S.Tiago de Riba Ul é uma freguesia do concelho de Oliveira de Azeméis que faz parte do  distrito
             de Aveiro.

2 comentários:

  1. Quando passei a viver na Arrifana lembro-me que um senhor, já bastante idoso e cujo nome já não me recordo, me falava muito dos “mártires de Arrifana”, relatando com muito entusiasmo a resistência dos arrifanenses à invasão dos franceses.
    Seguia com muito interesse as histórias que ele me contava, como se nelas tivesse participado. Falava-me das casas incendiadas e roubadas, dos campos destruídos e pilhados e das centenas de pessoas chacinadas pelas tropas francesas durante a 2ª invasão francesa.
    Esse entusiasmo levou-me a que, mais tarde eu procurasse saber mais pormenores sobre esses tais “mártires de Arrifana”. E vim a saber que se tratava, de facto, de um massacre das tropas francesas, ocorrido em 17 de Abril de 1809 e no qual foram mortos cerca de 300 homens daquela região.
    Vim depois a descobrir que esse trágico acontecimento está perpetuado num retábulo pintado a óleo em 1822 numas
    alminhas e no qual se pedem orações “pelas almas dos nossos irmãos patrícios que morreram neste sítio arcabuzados pelos
    franceses no ano de 1808.”
    Algum tempo depois de ouvir estes relatos do meu velho narrador é que reparei numa lápide em mármore, colocada
    na fachada da igreja da Arrifana e que refere também que em 1809 o povo se refugiou naquele local para se proteger do ataque
    dos franceses.
    Tal como aconteceu um pouco por todo o País, em que foram erguidos Monumentos à Guerra Peninsular, para evocar a resistência patriótica do povo português ao invasor francês,
    também em Arrifana foi erguido em 1914 um desses monumentos no largo do Outeiro, onde hoje é a praça da Guerra
    Peninsular, que fica muito perto da casa onde eu morei.

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  2. Texto publicado in "Memórias de uma vida de luta" Chiado Editora. 2015

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